O mundo da electricidade já mimetiza os elementos da Natureza — por filtros sobre ruídos brancos, pedais e caixas de efeitos, ou a manipulação de fita de gravação —, mas há quem se aventure no mundo real para se encontrar com as suas forças, de cara voltada para as tempestades. Grand River, ou Aimée Portioli, é uma dessas intrépidas e meticulosas pessoas, e em “Tuning the wind” mostra como a sua música pode ser um equilíbrio perfeito entre o natural e o artificial, entre o chilrear de um pássaro e o trinar de sintetizadores, entre o uivo do vento e o sopro digital. Ouvimos um quadro vivo de uma imagem sonora que vai crescendo de um modo imponente, como se fossemos personagens indefesas de uma tormenta avassaladora que nos deixa perplexos perante a dúvida: de onde vem este vento?