As fronteiras têm sido um tema central na História, marcando constantemente presença nas discussões políticas, sociais e económicas. Esta temática vai além da sua espacialidade, assumindo um papel importante nas questões de identidade e poder, moldando e sendo moldadas pelas dinâmicas das relações humanas.
(A)TENSION explora a linha como um elemento essencial e o som como um elemento transformador, refletindo sobre as dinâmicas sociais e as lutas pela sua renovação.
Os espectadores são convidados a questionarem as narrativas estabelecidas e a refletirem sobre perspetivas alternativas, criando espaço capaz de redefinir essas linhas.
Micro Ecologias da Mineração cruza escultura, vídeo e arte sonora para explorar as implicações ambientais da energia sustentável. A instalação imersiva mostra o crescimento de bactérias extremófilas do Salar de Atacama — organismos que sobrevivem a condições salinas e áridas através da cooperação. Entre as formas de vida mais antigas do planeta, simbolizam resiliência às mudanças ambientais, agora ameaçadas pela extração de lítio. Esculturas de vidro replicam morfologias de crostas salinas e contêm biolixiviação com extremófilos para recuperar lítio de baterias descartadas. Um sistema interativo sonifica mudanças de cor microbiana, traduzindo processos vivos numa ecologia sónica generativa de recirculação mineral.
Na era digital, TR (Table-React), de Martim Novais, repensa a mesa como “ultra-máquina”, inspirando-se em Hermínio Martins. Mais do que objeto banal, a mesa surge como mediador simbólico e funcional, ponto de encontro entre dados, dispositivos e humanos. Apoia-se em conceitos como smart objects, social objects e Internet das Coisas (IoT), a mesa já não é apenas um suporte físico. Influenciado por artistas como Julia Scher e o coletivo Quadrature, Novais cria uma mesa que se revela e reinscreve, mantendo forma familiar mas adquirindo novas camadas de significado.
SIFIE: Dark Matter é uma instalação sonora que investiga a nossa relação tímbrica com o som e como esta molda a realidade auditiva que escolhemos habitar. Ao extrair as possíveis alterações tímbricas de uma voz na matéria negra, é criado um cenário de ambiguidade auditiva ao redor da escultura, provocando o ouvinte a atribuir conscientemente ou inconscientemente uma forma a estes objetos sonoros. Essas respostas cognitivas, revelam os nossos preconceitos auditivos: o que substituímos ou ignoramos para sermos capazes de lidar com o quotidiano incerto. Um ponto de convergência acústica, depois de encontrado, colapsa todas as possibilidades geradas pelos visitantes numa só, revelando o conteúdo inalterado da voz. Ao confrontar-nos com estas duas dimensões, a instalação afirma-se como um ato de resistência a narrativas impostas.